COERÊNCIA

COERÊNCIA
1.     Definição

“É a relação que se estabelece entre as partes de um texto, criando uma unidade de sentido. Ela é o resultado da solidariedade, da continuidade do sentido, do compromisso das partes que formam esse todo. Está, pois, ligada à compreensão, à possibilidade de interpretação daquilo que se diz, escreve, ouve, vê, desenha, canta, etc.”(FLORES, Tânia, 2008, p.3).

Em Comunicação em Prosa Moderna, Othon Moacir Garcia diz que coerência “é o que está junto ou ligado; consiste em ordenar e interligar as ideias de maneira clara e lógica e de acordo com um plano definido.”
1.1.        Exemplos:
1.1.1.   Incoerência: “As crianças estão morrendo de fome por causa da riqueza do país.” 
1.1.2.   Incoerência: “Adoro comer sanduíches porque engorda”

Comentário: As frases acima são contraditórias, não apresentam informações lógicas, portanto, são incoerentes.

  

2.     Coerência Intratextual X Coerência Extratextual

2.1.        Intratextual:
Diz respeito à relação de compatibilidade, de adequação, de não contradição entre os enunciados de um texto.

2.1.1.   Exemplo: “... a classe média não tem condições acessíveis para frequentar universidades particulares, este é um caso impossível. O governo deveria adotar metas, que incluíssem a classe média para lhes dar oportunidades de frequentar universidades particulares.”

Comentário: Incoerente, pois o interlocutor tenta dar uma solução para uma causa que, mais acima, ele diz ser impossível.

2.2.        Extratextual:
É aquela que relaciona à adequação do texto a algo que lhe é exterior, ao conhecimento do mundo.

2.2.1.   Exemplo: “Durante o inverno, a população do Rio de Janeiro aguarda a neve que, rotineiramente, cobre as ruas da cidade.”

Comentário: Sabe-se que no Rio de Janeiro não neva em nenhuma das estações, o que torna o enunciado incoerente com o seu exterior.



3.     Tipos de Coerência

3.1.         Coerência Semântica:
   Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência. A incoerência aparece quando esses sentidos não combinam, ou quando são contraditórios.

3.1.1.   Exemplo: “Ao perceber o tumulto, fotógrafos e telegrafistas correram para registrar o momento.”

Comentário: Incoerente, pois os telegrafistas
 são os responsáveis por escrever cartas, e 
não registradores de fatos. “Telegrafistas” 
pode ser substituídos por “jornalistas”.



3.2.         Coerência Sintática:
 Refere-se aos meios sintáticos usados corretamente para expressar a coerência semântica: conectivos, pronomes, etc.

3.2.1.     Exemplo: Então, as pessoas que têm condições procuram mesmo o ensino particular. Onde há métodos, equipamentos e até professores melhores.”

Comentário: Incoerente, pois o pronome onde se refere a lugar concreto (pode substituí-lo por “no qual” ou por ponto e vírgula).

3.3.         Coerência Estilística:
              Refere-se à mistura de registros linguísticos.

3.3.1.    Exemplo: “Venho diante de vossa Magnificência manifestar meu repúdio ao fato de uma instituição pública querer subtrair da população um espaço de lazer. Francamente, achei a maior sujeira, sacanagem, nada a ver.”

Comentário: Incoerente, pois começa o enunciado com uma linguagem formal, terminando-o numa linguagem totalmente informal, com gírias.

3.4.         Coerência Pragmática:
 Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Para haver coerência nesta sequência, é preciso que os atos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte.

3.4.1.    Exemplo:
                                    “A: Você pode me dizer onde fica a Rua Alice?
                                     B: O ônibus está muito atrasado hoje.”


Comentário: Incoerente, pois o interlocutor B não respondeu de forma precisa à pergunta do interlocutor A (ele poderia ter dado o endereço correspondente a Rua Alice).

4.     Níveis de Coerência

4.1.        Narrativa:
 A coerência narrativa se dá na compatibilidade entre a caracterização de uma personagem (ou outro elemento figurativo do texto) e o uso de suas habilidades ou características ao longo do texto.

4.1.1.   Exemplo: “A moça sem pernas dançou toda a noite, dando saltos de alegria com seus sapatos de salto.”

Comentário: No trecho temos uma incoerência narrativa dada pela incompatibilidade semântica entre a caracterização da personagem e a ação por ela desempenhada.

4.2.        Argumentativa:
Estabelece-se entre o argumento e os termos que o reforçam. Utilizar-se de certos pressupostos ou dados para a reafirmação do raciocínio que se deseja montar, como as relações de causa/consequência bem articuladas para se concluir algo.

4.2.1.   Exemplo: “O homem deve buscar o amor e a amizade, mas ele não deve confiar em ninguém e, por isso, é melhor que viva só”.

Comentário: Incoerente, pois os argumentos utilizados não reafirmam o primeiro. Entra, assim, em contradição.

4.3.        Figurativa:
Refere-se à combinação das figuras para manifestar um dado tema ou à compatibilidade das figuras entre si.

4.3.1.   Exemplo:


Comentário: Incoerente, pois, no lugar de imagens de motos, deveriam estar de ventiladores. Mas, vale ressaltar que a incoerência também pode ser utilizada, propositalmente, para obter efeitos diversificados de sentido no gênero textual propaganda, no caso, as motos proporcionam vento e frescor no verão.

4.4.        Temporal:
Consiste na continuidade da narração dos fatos em sua ordem temporal. Refere-se a uma lógica de começo, meio e fim.

4.4.1.   Exemplo: “Lavarei o feijão para depois catá-lo”.

Comentário: Incoerente, pois a inversão dos fatos torna o enunciado confuso (primeiro teria que catar o feijão e, depois, lavá-lo).



4.5.        Espacial:
Diz respeito à compatibilidade entre os enunciados do ponto da localização no espaço.

4.5.1.   Exemplo: “Fizeram todos os exercícios físicos no clube enquanto estavam no banheiro de casa”

Comentário: Incoerente, pois os espaços expostos no enunciado são contraditórios, já que não dá para estar em dois lugares ao mesmo tempo.

4.6.        Nível de Linguagem:
Refere-se à compatibilidade entre personagens e receptor e seus respectivos níveis de linguagem.

4.6.1.   Exemplo: Vossa Excelência, larga de roubalheira, já chega né meu compadre!”, dirigiu-se ao Presidente da República.

Comentário: Incoerente, pois o nível de linguagem não está adequado ao receptor, começa com um pronome de tratamento formal e logo depois, utiliza uma linguagem totalmente informal.  

Teste sua Compreensão: Utilize os exemplos acima, e faça as adequações necessárias para que torne-os coerentes.

Vídeo :  http://youtu.be/kj3vQkTKWuQ

Referências:
FLORES, Tânia. Oficina de leitura, interpretação e produção de textos. Santo Amaro: 2008.
FONTANA, Josiane Bez. Coerência e Coesão Textual. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/44549973/COERENCIA-E-COESAO-TEXTUAL, acesso em: 02/09/2013.
ARIADNA, Neire. A coesão e a coerência textual. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/2750207, acesso em: 04/09/2013.


Trabalho Produzido por: Alanna da Silva; Bianca Stefanni A. C. S. Moreira; Brendo Sousa; Franciely Santana;  Iolanda Lopes; Lucineide Oliveira; Nathaly Cardoso; Pedro Silva; Veinna Silva.

5 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Muito bom para manter-los informados sobre a coerência....

Unknown disse...

bom blog, ajudou bastante no entendimento.

moises martins disse...

paguei até por apostila pra ter um conteudo entendível, pesquisei demais, mas só encontrei boas explicações aqui, parabens!

Unknown disse...

Em uma Pandemia, 2021, trabalhos como este reaviva o espirito do conhecimento em muita gente, parabéns!

Postar um comentário

 

Copyright © Fatores de textualidade. Template created by Volverene from Templates Block
WP by Simply WP | Solitaire Online